REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL: E O ENSINO DE HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Candida Lisboa Belmiro
Mestranda do Profhistória-UNIFESSPA
Orientador: Eduardo de Melo Salgueiro

RESUMO
O objetivo proposto é promover uma reflexão acerca da construção da História do ensino de História no Brasil e o ensino de História no Ensino Fundamental I, observando os contextos em que se deu os combates envolvidos nos avanços e nas rupturas no decorrer de sua trajetória. O ensino de História esteve presente nos programas curriculares brasileiros desde o século XIX, mas só a partir da década de 80 do século XX, que a história começou a se afastar do modelo tradicional possibilitando a inserção de novas temáticas para compor os conteúdos a serem trabalhados. Os novos parâmetros educacionais estabelecidos na década de 90 contribuiu significativamente para o desenvolvimento crítico e reflexivo do ensino de história.

1- INTRODUÇÃO
A proposta deste trabalho é refletir sobre a disciplina de História, levando em consideração as principais e significativas mudanças em sua trajetória escolar a partir de um modelo eurocêntrico e religioso. No Brasil o contexto é analisado por diversos conceitos e denominações desde a criação do Colégio Pedro II na tentativa de construir um modelo de estrutura e currículo para o ensino secundário que surgia naquele momento. 

O ensino de História, ao longo dos anos, foi marcado por diversos combates ideológicos e políticos, fatores que têm gerado inúmeras reflexões por parte dos historiadores. As mudanças curriculares e legislativas são fruto de uma relação problemática entre Governos e setores ligados ao universo escolar, tentar sintetizar isso se torna inviável em um único trabalho sendo necessário um recorte, por isso a discussão está relacionada aos conceitos.

Para além dos conceitos procuramos demonstrar que a disciplina que conhecemos hoje não teve uma trajetória linear, pois no decorrer de sua construção sofreu rupturas, ressignificações, permanências e apropriações ao longo dos séculos. Por isso enfatizaremos as mutações pelas quais a disciplina de História, em especial dos anos iniciais, foi submetida para adequar ao contexto vivido, atendendo vontades externas e assumindo, um papel de ferramenta conforme é confrontada com os anseios da sociedade. 

2- O ENSINO DE HISTÓRIA E SUA TRAJETÓRIA: a História como disciplina escolar
De acordo com Prost (2008), na França “A história é a referência obrigatória, o horizonte incontornável de toda a reflexão”. Sendo o único país do mundo em que o ensino de história também “é uma questão do Estado”, e que, devido à sua função na formação identitária é parte da política francesa.

Esse lugar particular da história na tradição cultural francesa aparece, portanto, associado à sua posição no ensino: trata-se, de fato, do único país em que ela constitui uma disciplina obrigatória em todas as seções e em todos os anos da escolaridade obrigatória, ou seja, dos seis aos dezoito anos. A história do ensino da história na França há de esclarecer-nos sobre a função específica que ela desempenha na sociedade francesa, assim como o lugar ocupado em sua tradição cultural. (PROST, 2008, p.17)

A História como disciplina escolar é fruto dos movimentos de laicização e a constituição das nações modernas ocorridas na França do século XIX. Sendo que no ensino médio a “história torna-se obrigatória desde 1818”, enquanto que no ensino fundamental ocorreu em 1880. Fonseca (2009, p. 17), afirma que, no Brasil o ensino de História esteve presente na “escola fundamental brasileira desde sua inclusão nos programas curriculares (século XIX)”, articulada diretamente a “historiografia francesa”. 

A criação do Colégio Pedro II, que data de 1837, teve como base o modelo francês privilegiando a História universal em detrimento da História do Brasil, com uma concepção curricular centrada no modelo europeu. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p. 21), “Os programas de História do Brasil seguiam o modelo consagrado pela História Sagrada, substituindo as narrativas morais sobre a vida dos santos por ações históricas realizadas pelos heróis.” 

A ordem dos acontecimentos era articulada pela sucessão de reis e pelas lutas contra os invasores estrangeiros, de tal forma que a história culminava com os “grandes eventos” da “Independência” e da “Constituição do Estado Nacional”, responsáveis pela condução do Brasil ao destino de ser uma “grande nação”. (BRASIL, 2001.PCNs, p.21)

Os sentimentos nacionalistas estavam vigentes, devido a proclamação da Independência. Delegando ao ensino de história a função de promover à nação sentimentos de unificação, em que as literaturas descrevem os feitos heroicos na construção da “história nacional” a partir da história dos chamados de heróis nacionais os quais deviam ser exaltados pela nação. O (IHGB) Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, órgão criado no mesmo ano que o Colégio Pedro II, tinha a responsabilidade de elaborar os conteúdos a serem ensinados. Observa-se que a História ensinada naquele período, estava incorporada ao “mito da democracia racial” e era construída a identidade de uma nação vivendo em harmonia:

Nos programas e livros didáticos, a História ensinada incorporou a tese da democracia racial, da ausência de preconceitos raciais e étnicos. Nessa perspectiva, o povo brasileiro era formado por brancos descendentes de portugueses, índios e negros, e, a partir dessa tríade, por mestiços, compondo conjuntos harmônicos de convivência dentro de uma sociedade multirracial e sem conflitos, cada qual colaborando com seu trabalho para a grandeza e riqueza do País. (BRASIL, 2001. PCNs, p.24)

Para Bittencourt (2009, p. 33), “Quando se analisa a trajetória da disciplina, constata-se que esta faz parte dos “planos de estudos” de 1837 da primeira escola pública brasileira, considerada de nível secundário.” Mas em relação a formação profissional em nível superior só ocorreu a partir da década de 30 do século XX. O ensino de História que compõem o currículo escolar passou por várias mudanças significativas no decorrer de sua constituição, mantendo a sua especificidade que é a construção de saberes, o que é preciso saber identificar qual é o conhecimento histórico produzido pela escola.

Segundo Fonseca (2017, p.56), as políticas educacionais foram promovidas pelas reformas das décadas de 1930 e 1940, colocando “o ensino de História nos centros das propostas de formação da unidade nacional, consolidando-a, definitivamente como disciplina escolar”. A Reforma Francisco Campos passou todo controle sobre o ensino para o Estado, unindo “conteúdos e as metodologias em detrimento de interesses regionais”. Unificando o ensino de História no país, sendo um instrumento na “educação política” definindo a “História do Brasil e a América como o centro do ensino”. Assim, promoveu-se a insatisfação em partes dos professores os quais acreditavam causar prejuízo para a História do Brasil pois, também ensinariam a História da civilização. A Reforma Gustavo Capanema reestabelece a História do Brasil como disciplina autônoma, porém seu objetivo é uma educação “moral e patriótica”: 

Após 1964 o ensino de História aprofundou essa concepção, combinada com medidas de restrições à formação e à atuação dos professores e com uma redefinição dos objetivos da educação, sob a ótica da Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento, no sentido de exercer o controle ideológico e eliminar qualquer possibilidade de resistência ao regime autoritário. [...]. (FONSECA, 2017, p. 60).

Nesse período foram redefinidos “os papéis das duas disciplinas já existentes ‘Educação Moral e Cívica e Organização Social Política Brasileira’ (ao nível do ensino fundamental e do ensino médio) tornando-as obrigatória em todos os graus de ensino”, sendo que no ensino universitário foi introduzido os ‘Estudos dos Problemas Brasileiros’. E a disciplina de História e Geografia foram englobadas em Estudos Sociais passando ser obrigatória. De acordo com Bittencourt (2009, p.73), “Os Estudos Sociais” já vinham sendo adotado no decorrer dos anos 60 e passou a ser introduzido em todo “sistema de ensino” na década de 70 durante a ditadura militar pela Lei 5.692/71. 

Martins (2014, p.48), afirma que “Cabe ainda lembrar que, nesse período, dada a necessidade de formar professores que pudessem atuar na docência dessas disciplinas, foram criados cursos de licenciatura curta” como foi o caso de Estudos Sociais. Daí temos alguns problemas a serem destacados sendo um deles a formação desses professores, que por terem pouco tempo de formação não possuem um arcabouço de metodologias e conceitos para lecionar em sala de aula, depois temos o problema com os que lecionavam história e geografia visto que perderam significativa carga horária e participação no âmbito escolar. 

Cainelli (2010, p.22), faz uma análise da mudança historiográfica ocorrida no Brasil no decorrer da década de 1980, a qual contribuiu com o processo de mudanças dos conteúdo a serem ensinado no ensino fundamental, e também para que o governo federal propusessem a “promulgação da Lei 9394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional” e os PCNs, propostos na década de 90 constituindo uma nova proposta para o ensino de história.

3 - O ENSINO DE HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL I 
Segundo os PCNs (2001, p. 32) “O ensino de História possui objetivos específicos, sendo um dos mais relevantes o que se relaciona à constituição da identidade. Assim, é primordial que o ensino de História estabeleça relações entre identidades individuais, sociais e coletivas,” nesse sentido cabe ao professor, promover intervenções em que a criança possa construir o seu conhecimento a partir de suas vivencias e nessa relação desenvolver a compreensão espaço temporal:

O saber histórico escolar, na sua relação com o saber histórico, compreende de modo amplo, a delimitação de três conceitos fundamentais: o fato histórico, de sujeito histórico e de tempo histórico. Os contornos e as definições que são dadas a estes três conceitos orientam a concepção histórica, envolvida no ensino da disciplina. Assim, é importante que o professor distinga algumas dessas possíveis conceituações. (BRASIL, 2001, PCNs, p. 35)

O ensino de História para os anos iniciais é também assegurado pela (BNCC) Base Nacional Comum Curricular. Nesta fase a criança precisa perceber se como sujeito histórico, e ter acesso ao mundo ao seu redor, reconhecendo a si e o outro, é necessário que construa relações e conhecimento partindo de referências cotidianas de suas vivencias sociais:

Retomando as grandes temáticas do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, pode-se dizer que, do 1º ao 5º ano, as habilidades trabalham com diferentes graus de complexidade, mas o objetivo primordial é o reconhecimento do “Eu”, do “Outro” e do “Nós”. Há uma ampliação de escala e de percepção, mas o que se busca, de início, é o conhecimento de si, das referências imediatas do círculo pessoal, da noção de comunidade e da vida em sociedade. Em seguida, por meio da relação diferenciada entre sujeitos e objetos, é possível separar o “Eu” do “Outro”. Esse é o ponto de partida. (BRASIL, BNCC, 2017, p.402).

Sendo que o ensino de História nos anos iniciais deverá promover às crianças uma educação voltada a valorização de sua própria história, garantindo também a elas o estudo da história local, regional e mundial. Caimi (2009, p. 68) afirma que, por muito tempo perduraram concepções errôneas da teoria de Piaget, considerando o ensino de História inapto para as crianças menores de 11 anos, por considerar que não possuíam maturidade para a compreensão dos conceitos históricos, hoje, o ensino de história é entendido em todas as fases da educação e demonstrando que é possível ensinar história para as crianças desde a fase inicial da vida escolar. Outro fator importante é o aspecto sociocultural para o desenvolvimento do ensino aprendizagem, sendo que a escola é fundamental nessa interação disponibilizando meios para que sujeitos e objetos de conhecimentos históricos possam interagir.

Fonseca (2009, p.77) destaca a importância do professor entender a dimensão em que ocorre o processo de formação da criança, já que a noção histórica é antecedida ao ambiente escolar, é através da socialização do sujeito com a realidade em que vive que ela ´vai sendo construída, a escola não é o único espaço responsável pela a aprendizagem, para a formação identitária e construção da educação histórica, sendo assim, a criança precisa dialogar com os diversos ambientes sociais:

O primeiro pressuposto é o desenvolvimento das noções de sujeito histórico, identidade, sociedade, cultura, trabalho, poder e História. Minha concepção de educação e educação histórica compreende e defende a formação do educando como um processo amplo em que a socialização e a aprendizagem de noções históricas se iniciam na socialização anterior à etapa escolar e prosseguem ao longo do desenvolvimento desta, do interior de diferente espaço educativo. (FONSECA, 2009, p.76,77)

Cainelli (2010, p. 19) afirma que “Ensinar a pensar historicamente significa desenvolver a capacidade de transitar de um modo de argumentar para outro, de relacionar a experiência humana com a vida prática de cada um”. O que está em questionamento aqui é o papel da História com a sociedade o fato da disciplina ter desenvolvido mecanismo para fugir do ensino tradicional implica em pensarmos sobre sua finalidade e seu proposito dentro contexto atual. Embora a questão pareça ser simples a resposta se demonstra complexa, cabendo a nós professores entender o caráter formativo da disciplina, destacando que o foco é auxiliar na construção do conhecimento para a formação de um cidadão reflexivo e humanista. 

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Oliveira (2020), A história do ensino de história possui uma “narrativa consolidada” que gira entorno do IHGB e da fundação do Colégio Pedro II, no entanto é insuficiente para dialogar com as pluralidades existentes no Brasil. “A questão não é abandonar essa narrativa, mais pluralizá-la” e dar valor a perspectivas de ensino que valorizem outras narrativas que fujam desse ocultamento de maneiras distintas de ensinar História.

O ensino de história no Brasil e da história como disciplina escolar vem sendo construído a partir de debates historiográficos que estão intensificando devido aos programas de pós-graduação e da necessidade de compreender as bases em que estão ancoradas. Portanto faz-se necessário que conheçamos o processo pelo qual já passou a sua construção e como está sendo desenvolvido na atualidade, para que possamos através da atuação em sala de aula contribuir na construção do conhecimento histórico. Fonseca (2009), nos alerta para a necessidade que temos em articular os “diversos ambientes sociais de formação histórica” no intuito de ampliar e enriquecer a aprendizagem. 

Nas palavras de Pereira (2011), “Estudar história é muito mais do que decorar nomes e datas. É descobrir, analisar fatos registrados no passado, entender as atividades dos homens no mundo.” Cabendo ao professor promover esse diálogo entre os estudantes e os documentos de análise, através de intervenções que valorize o conhecimento prévio dos alunos e proporcione reflexões em que a criança perceba que é parte da história, que todos somos sujeitos históricos portanto produzimos conhecimento.

NOTA BIOGRÁFICA:
Mestranda do programa de pós-graduação em ensino de história PROFHISTÓRIA, bolsista da (CAPES) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, graduada em História pela (UNIFESSPA) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, 2018, e em Pedagogia Pela (UNOPAR) Universidade Norte do Paraná 2012, em que foi bolsista do (PROUNI) Programa Universidade para Todos, Professora da educação básica Ensino fundamental I, 1º ano das séries iniciais e EJA 1ª Etapa do ensino Fundamental da rede pública de Xinguara/Pará.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BITTENCOURT, Circe Ensino de História: Fundamentos e Métodos -3ª. ed. - São Paulo. Ed Cortez, 2009.

BRASIL, Base Nacional Comum Curricular, (BNCC) 2018. Disponível em:< http:// basena cionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf >acessado em 02 de fevereiro de 2018.

CAIMI, Flávia. História escolar e memória coletiva: como se ensina? Como se aprende? In: ROCHA, Helenice; MAGALHÃES, Marcelo; GONTIJO, Rebeca (org.). A escrita da história escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, pp.65-80, 2009.

CAINELLI, Marlene. O que se ensina e o que se aprende em História. In: OLIVEIRA, Margarida Maria Dias (Org). Coleção Explorando o Ensino – História; Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010, p. 17-34.

FONSECA, Selva Guimarães. Fazer e ensinar História: anos iniciais do ensino fundamental. Belo Horizonte: Dimensão, 2009. (Obra de apoio pedagógico ao professor)

FONSECA, Thais Nívia de Lima. História & Ensino de História. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

MARTINS, Maria do Carmo. Reflexos reformistas: o ensino das humanidades na ditadura militar brasileira e as formas duvidosas de esquecer. Educar em Revista, nº.51, 2014

OLIVEIRA, Margarida Maria Dias: MONTI, Carlo. História(as) do Ensino de Historia In: I CICLO DE DEBATES PROFHISTORIA 2020.

PEREIRA, Jean Carlos Cerqueira; PACHECO, Lilian Miranda Bastos. O Ensino de História nas Séries Iniciais. Disponível em: < https: //pt.scribd.com/document/322415493/ Ensino-de-Historia-Seres-Iniciais >Acesso em: 28/10/20

PROST, Antoine. Doze lições sobre a história [tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira]. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

Comentários

  1. Cândida,
    Você apresenta as mudanças no ensino da História do Brasil partindo de leituras historiográficas. Quando você faz observações sobre a História no ensino Fundamental entendo que você busca de alguma forma articular essa leitura com o objeto de sua dissertação. Nesse sentido, indago se já foi possível observar os conteúdos de história trabalhados pelos professores da escola? Os temas históricos perpassam pelo currículo? A História do Brasil surge em determinados eventos e datas? Se sim, quais? Existe possibilidade de analisar os livros e/ou algum material didático? (Profa. Anna Carolina Abreu)

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    1. Profa. Anna,
      A proposta de minha pesquisa de dissertação está relacionado ao tema da monografia que é o Ensino de História no Ensino Fundamental I, estou partindo da análise das entrevistas com as professoras do 1º ao 5º ano, em que pude observar que o ensino de História aqui em Xinguara é diretamente norteado pelo livro didático, segundo as professoras que por falta de acessibilidade de outros material didático, por falta de tempo para pesquisas devido a carga horária de trabalhos dentre outros obstáculos não são utilizado outros materiais didáticos. Também como até o momento o município não possui um currículo específico para o ensino fundamental, o planejamento anual é estruturado pelo livro didático, onde os conteúdos são divididos por bimestres. Não só o ensino de História do Brasil como outros o ensino de História étnico racial ficam comprometidos devido não produzir reflexões para além dos textos abordados pelo livro, em maioria de seus depoimentos nas aulas de história, fazem leituras coletivas ou leitura feita pelo professor no caso dos anos do ciclo de alfabetização que corresponde do 1º ao 3º ano e em seguida responde as atividades propostas. Outro fator também observado foram as datas comemorativas principalmente nos três primeiros anos, aparecem as datas como dia do índio, abolição da escravidão, aniversário da cidade, Festa junina, Adesão do Pará, dia do folclore, Independência Brasil, Proclamação da República, dia da Bandeira e Consciência Negra. Além de serem trabalhados em História são reforçadas nas aulas de Artes com o mesmo formato. A minha proposta seria analisar parte dos conteúdos juntos aos professores e produzir coletivamente material didático que contemple uma abordagem metodológica que possibilita uma reflexão histórica de forma integrada. Esse material seria utilizado por nós nas aulas de história e relatada por cada professor(a) em relação ao texto do livro didático e o material produzido e desenvolvido em sala de aula, depois analisado e transformado em um caderno didático ou cartilha didática pra contribuir com ensino de história no Município. A organização do conteúdo seria por seguimento do 1º ao 3º ano e do 4º e 5º ano. Candida Lisboa Belmiro

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  2. Parabéns pelo debate historiografico realizado em seu texto e apontamentos feitos. Cândida a disciplina de História se faz presente nos anos iniciais do ensino fundamental por meio de vários conteúdos e atualmente as discussões e debates em torno da nova BNCC estão aflorados. Diante desse contexto e de sua análise e proposta dissertativa, como fica a disciplina de História para os anos iniciais do ensino fundamental, nesse momento de fragilidade democrática e revisionismos? Ela está assegurada na BNCC?
    (Sebastiana Valéria dos Santos Moraes)

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    1. Valéria,
      O ensino de História está sim sendo assegurado pela BNCC, porém não contempla um ensino de história de forma efetiva, ela traz um ensino pautado no momento atual sem perspectivas futuras. O ensino de História abordado no documento não possibilita a reflexão e problematização dos conteúdos a serem trabalhados nos anos iniciais, essas observações podem ser notadas a partir das habilidades propostas, as quais delimitam o ensino de história apenas de forma didática sem pensar na formação do pensamento histórico. Desse modo a produção do conhecimento histórico fica prejudicado, aqui no Município apresenta dois fatores, não possuimos um currículo próprio para o ensino fundamental e o estudo relacionado a BNCC iniciou recentemente o qual só ocorreu a partir de 2019, em alguns encontros com orientadores de estudos compostos pelo(a)s coordenadores, e a partir de 2020 nas primeiras semanas fomos convidados a compor um grupo para a produção do currículo municipal, com base no currículo Estadual, onde tínhamos em mãos a BNCC anos iniciais e o currículo Estadual para fazermos leituras e construirmos o nosso currículo. Mas logo ao iniciarmos o trabalho foi observado que não poderia retirar nada do que era proposto pelos documentos referenciais, só poderíamos acrescentar, tendo em vista que o documento do estado já teria feito o mesmo, principalmente no que diz aos 40% destinados ao ensino de história local e regional, questionamos aos orientadores como resolveríamos essas questões devido a grande quantidade de conteúdos já existente e que a adequação de nossa realidade não seria comtemplada no que já estava inserido no currículo, então não souberam nos ajudar nas decisões e o encontro que estava previsto para os dois períodos foram encerrados e disseram que reuniríamos em outra data para continuar com a produção, devido as aulas presenciais terem sido suspensa por causa da pandemia, os professore(a)s dos anos iniciais do ensino fundamental estão trabalhando de forma remota através do WhatsApp e de produção de apostilas que são entregues aos alunos bimestralmente, também não tivemos mais nenhuma reunião para tratarmos sobre o assunto até o momento. Candida Lisboa Belmiro

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  3. Cândida,
    Ao ler/analisar seu texto fiquei refletindo qual seria exatamente seu objeto de pesquisa e seu objetivo de análise, porque a trajetória do ensino de história no Brasil, por exemplo, foi muito bem pesquisado, analisado, mapeado por Circe Bittencourt, por Nível Fonseca (para citar apenas essas duas), assim, perguntaria: qual a contribuição (além daquelas já disponíveis para essa temática) que sua proposta apresentaria? Seria compreender a implantação do ensino de história no ensino fundamental I em Xinguara ou no Pará? Também fiquei a pensar sobre quais os documentos que você irá mobilizar para analisar o objetivos...
    Uma outra questão: na redação do texto consta "De acordo com Prost (2008), na França “A história é a referência obrigatória, o horizonte incontornável de toda a reflexão”. Sendo o único país do mundo em que o ensino de história também “é uma questão do Estado”...
    Não entendi o que significa ser a França o único país do mundo em que o ensino de História é uma questão de Estado? Onde não o é desde que foi implantado? Ou sobre o que exatamente está se referindo?
    Gostaria de saber como você pensa essas questões.

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  4. Cândida,
    Gostaria de te parabenizar pela discussão sobre o ensino de história no fundamental I levantada ao longo do texto, de acordo com a proposta apresentada e o que conheço do seu trabalho gostaria de saber se você pensou em uma dinâmica entre o professor do fundamental I e o professor de História do fundamenta II? (Ronny Pyterson Romano dos Santos)

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    1. Ronny,
      Devido ao momento conturbado em que estamos vivendo a pesquisa de campo está sendo prejudicada não foi possível está em contato com os professores para apresentar a proposta de trabalho nas escolas, o que está sendo previsto para o início do ano letivo de 2021, também por que temos pouco tempo para desenvolver a pesquisa acredito não ser possível essa proposta. Então com base nas narrativas analisadas na pesquisa anterior que não foi possível na época serem concluídas, estou pensando em uma contribuição a partir de análise, reflexões, e produções de materiais didáticos que possam auxiliar com o ensino-aprendizagem no ensino de História do município, como pude observar no decorrer dos anos de convivência com professores do ensino fundamental II, com a verificação do índice de reprovação em História nos 6º anos em arquivos durante o Estágio supervisionado I, que os questionamentos e as problematizações dos professores estão relacionados a abordagem metodológica dos conteúdos nos anos iniciais do fundamental. Por isso pretendo focar a pesquisa nessa modalidade de ensino. Candida Lisboa Belmiro

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  5. Cândida muito bom o seu texto e as reflexões. No entanto o objetivo da disciplina história é fazer o aluno se sentir um sujeito histórico capaz de refletir sobre os acontecimentos da sociedade como você colocou. Mas o que observo com base em minha prática pedagógica no ensino de História para o Ensino Fundamental I são práticas arcaicas que nos remete a antiga disciplina de Estudos Socais baseada ainda na decoreba e não em práticas inovadoras capazes de fazer o aluno se reconhecer como sujeito histórico que produz conhecimento ou que faz parte dessa história. Diante do exposto te pergunto: o que falta para uma mudança mais significativa no ensino da disciplina de história? Práticas inovadoras, metodologias diferenciadas, formação continuada, livros didáticos diferentes?



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    1. Solimaura, compartilho de suas inquietações, realmente o ensino de História no fundamental I é visto como menos importante no processo de alfabetização. Devido essa visão e também porque a história política foi predominante em nosso país por quase todo o século XX, a pesar da mudança historiográfica dos anos 80, da Lei 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dos PCNs propostos em 96, o ensino de história tradicional baseado em datas comemorativas vem sendo trabalhados nos anos iniciais do ensino fundamental, acredito que essas ações estão articuladas a formação de uma grande maioria dos professores, que tiveram esse ensino de história como base, a valorização das disciplinas de Português e Matemática em detrimento das outras que também são ministradas pelo Professor (a) da educação geral ou professor(a) polivalente como é chamado, que na maioria são formados em Pedagogia e a disciplina de História não é estudada de forma aprofundada o que contribui para que esse ensino também não faça parte de suas reflexões, a grande carga horária dos professores não permite que pesquise para a construção de conhecimentos na área, a falta de interesse dos gestores públicos em promover formação continuada voltada para as ciências sociais, tudo isso são fatores que contribuem para que o ensino de História continua servindo para a formação de alunos que não esteja aptos a refletir, a pensar a sua realidade. Por isso acredito que a formação continuada é uma prática necessária aos Professore(a)s do ensino fundamental I, não só para História, mas para todas as áreas de conhecimento que fazem parte dessa atuação. A partir do momento que começarem a produzir conhecimentos suas práticas serão transformadas estarão dispostos a inovarem a utilizar novas metodologias, a problematizar, promover reflexões para além do livro didático, a produzir conhecimento histórico, assim o ensino-aprendizagem possa estar contribuindo para a formação do pensamento histórico das crianças.

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  6. Cândida,

    Achei muito interessante a discussão que você apresentou, tendo como proposta abordar o ensino de História, no Ensino Fundamental I, a partir da discussão apresentada, gostaria de saber, se você pensou uma proposta didática, para que o ensino de História seja abordado de forma mais eficiente, aos alunos do Ensino Fundamental I?
    Faço este questionamento, visto que, o ensino de História para a faixa etária do fundamental I, tem por objetivo, como você pontua em seu texto: “Uma educação voltada a valorização de sua própria história, garantindo também a elas o estudo da história local, regional e mundial”. Dos quais, pontuo aqui a importância do ensino de História local e regional, para os alunos do Ensino Fundamental I, visto que, percebemos que grande parte dos estudantes chegam ao ensino fundamental II, ao Ensino médio e até mesmo a Universidade, sem conhecer nem mesmo de forma superficial sua história.

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    1. Ruticleia, esta é minha preocupação, aqui em Xinguara o índice de reprovação em História principalmente nas turmas dos 6º ano é alto, há um grande número de crianças pagando disciplina de História, partindo dessa questão e também dos questionamentos dos profissionais que atuam no fundamental II, que surgiram as inquietações a respeito do ensino de História nos anos iniciais do ensino fundamental, na monografia do curso de História, minha segunda graduação esse foi o objeto de pesquisa que culminou no levantamento do ensino de História no Município, análise de entrevistas com professoras e dos livros didáticos utilizados de 2010 a 2018. Para a pesquisa de mestrado a proposta é partir dos problemas levantado pelas professoras, sendo um deles abordados pelas professoras de 1ºao3º ano a dificuldade em trabalhar a história local pela ausência de materiais didáticos sobre o tema. Devido ao momento atual que estamos vivendo ainda não foi possível reunir para discutir sobre a proposta, mas a intenção é pesquisar e construir material didático que contribua para o ensino de história local. Quanto aos 4º e 5º anos foram várias questões levantadas ainda tenho que reunir com o(a)s colaboradore(a)s para juntos decidirmos o tema que terá mais ênfase para o ensino-aprendizagem nessa área de conhecimento, voltado para essas turmas e que priorize o aluno como sujeito ativo na construção do conhecimento histórico.

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  7. Obrigada, a todo(a)s que participaram por suas contribuições, agradeço o carinho e o tempo dedicado a leitura do texto e as questões direcionadas oa tema. Candida Lisboa Belmiro

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