EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL II APROVADOS PELO PNLD (2008-2020)
Alan Bizerra Martins
alanmartinsgeo14@gmail.com
Mauro Cezar Coelho
mauroccoelho@yahoo.com.br
Geovanni Gomes Cabral
geocabral@unifesspa.edu.br
Introdução
A presente pesquisa tem o objetivo de compreender como os conteúdos sobre as questões étnico-raciais são representados nos livros didáticos de História, tendo como eixo investigativo os Anos Finais do Ensino Fundamental aprovados pelo PNLD. É importante refletir sobre a relevância desta temática para problematizar o ensino de História nos livros didáticos escolares utilizados nas instituições de ensino.
O debate sobre os conteúdos abordados nos livros didáticos para o ensino de História vem ganhando novas perspectivas no âmbito educacional, principalmente devido às atualizações curriculares direcionadas às escolas, propostas pelas reformulações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB (1996) e pela Base Nacional Comum Curricular-BNCC (2017). Implicando, por sua vez, novas configurações nos currículos da Educação Básica, assim tornando as questões curriculares como centro dos debates relativos às políticas educacionais.
A pesquisa é relevante, em primeiro lugar, por que ela afeta uma questão legal a obrigatoriedade da reformulação da abordagem da história do Brasil, conforme encaminha o artigo 26º da LDBEN. Em segundo lugar, ela analisa o modo pelo qual a temática é abordada, considerando o processo histórico recente, de reformulação do currículo da Educação Básica.
As diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, nos termos do parecer, CNE/CP3/2004, estabelece a educação da diversidade racial com o objetivo principal no âmbito educacional de formar cidadãos com o pensamento crítico, coletivo para promoverem a igualdade na sociedade em exercício dos direitos sociais, políticos, econômico aos grupos relacionados a diversidade étnica.
O livro didático é um dos principais recurso no ensino aprendizagem utilizado pelo(a) professor(a) na Educação Básica. Assim, esse livro didático também deve ser um produto que contribua com sua reflexão, os princípios para construção de ensinamentos que tencionem os valores éticos a respeito das diferenças culturais, políticas, de gênero e religiosas. Apesar disso, professor Erinaldo Cavalcanti aponta que, “com limites, vantagens e desvantagens, o livro didático tornou-se, nas últimas décadas, a principal ferramenta de trabalho do professor da educação básica”. (CAVALCANTI, 2018, p. 518).
A função do livro didático de história é fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Ele deve contribuir para ampliação de construção dos conceitos da História, fonte, memória, historiografia, ficção, narrativa, tempo, acontecimento, entre outros. O livro didático é regularmente o único objeto, o qual as crianças e adolescentes no âmbito escolar, tem a proximidade com os conhecimentos históricos em sua formação. Nesse sentido, é fundamental que este material didático deva veicular os conhecimentos de forma correta, precisa, e principalmente de forma atualizada em seus conteúdos.
Nessa perspectiva, os princípios de avaliação no edital Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) para os Anos Finais do Ensino Fundamental os livros didáticos de história devem seguir para o processo de formação em exercício ao respeito e à cidadania de modo a rejeição ao preconceito. Nesse sentido, conforme às três preposições especificadas no edital (2017):
6. Promover positivamente a imagem de afrodescendentes e dos povos do campo, considerando sua participação e protagonismo em diferentes trabalhos, profissões e espaços de poder; 7. Promover positivamente a cultura e história afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros, dando visibilidade aos seus valores, tradições, organizações, conhecimentos, formas de participação social e saberes sociocientíficos, considerando seus direitos e sua participação em diferentes processos históricos que marcaram a construção do Brasil, valorizando as diferenças culturais em nossa sociedade multicultural; 8. Abordar a temática das relações étnico-raciais, do preconceito, da discriminação racial e da violência correlata, visando à construção de uma sociedade antirracista, solidária, justa e igualitária. (Edital PNLD, 2017, p. 40).
Com a preocupação com a temática das relações étnico-raciais as coleções avaliadas precisam evitar representações com estereótipos, além disso, as coleções didáticas devem promover as tradições culturais e a diversidade cultural. Vale ressaltar, que estas preposições em respeito ao exercício à cidadania apresentada no PNLD 2017, estão também presentes nos editais de 2020, 2014, 2011 e 2008.
Diante disso, o interesse pela pesquisa surge a partir de estudos anteriores realizados no período de graduação, por ocasião de atividades realizadas no âmbito de projetos de extensão e de iniciação cientifica ainda como bolsista nos anos 2016, 2017 e 2018 com temáticas ligadas à diversidade e étnico-racial.
Metodologia
A metodologia utilizada na pesquisa propõe uma análise de cunho qualitativo nos livros didáticos. Será analisado nos livros os itens: o texto escrito, o uso de imagens, os mapas; a organização do conteúdo, dando ênfase as abordagens sobre as questões étnico-raciais nos livros didáticos de História. Utilizando a análise do discurso, onde Gill (2000, p. 244), análise do discurso partilham “da noção realista de que a linguagem é simplesmente um meio de refletir, ou descrever o mundo, e uma convicção da importância central do discurso na vida social”.
Foram selecionadas no total de 5 coleções do autor Alfredo Boulos Júnior, com recorte entre os anos 2008-2020 do PNLD dos Anos Finais do Ensino Fundamental, conforme a tabela abaixo:
Coleções selecionadas para a pesquisa.
Fonte: Autores.
Algumas Considerações
A pesquisa se encontra em fase inicial, a partir disso, já ocorreram procedimentos para o desenvolvimento como levantamento bibliográfico em plataformas digitais que disponibilizam artigos para realizar leituras relacionadas com a temática proposta da pesquisa.
Outro processo realizado foi levantamento dos editais e guias do PNLD anos 2008, 2011, 2014, 2017 e 2020 disponíveis no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), MEC (Ministério da Educação), Memorial do PNLD (Memorial do Programa Nacional do Livro Didático). Assim como as legislações educacionais no período recortado, Lei. 10.639/03, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDBEN, o Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Também, ocorreu o levantamento nas escolas em Marabá/PA dos livros didáticos de História do Ensino Fundamental II disponíveis nos acervos nas instituições de ensino da rede municipal. Por fim, ocorreu o início da categorização das fontes nos editais e guias no PNLD no período recortado.
Referências
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de coleções didáticas para o programa nacional do Livro Didático PNLD 2017. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Secretária da Educação Básica, Brasília-DF. Disponível em: https://cchla.ufrn.br/pnld/. Acesso em: 18 de set. 2020.
BRASIL, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CP 1/2004. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília-DF, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pnaes/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados. Acesso em: 17 de out. 2020.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília-DF, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/par/195secretarias112877938/sebeducacaobasica2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series. Acesso em: 23 de out. 2020.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular. Brasília-DF, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 23 de out. 2020.
BRASIL. Lei N. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei N. 9. 394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília-DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 23 de out. 2020.
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei N. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília-DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 23 de out. 2020.
CAVALCANTI, Erinaldo. História, livro didático e formação docente: produção, limites e possibilidades. Revista Antíteses, Londrina, v. 11, n. 22, p.516-532, jul./dez. 2018.
GILL, Rosalind. Análise de discurso. In: Bauer, M. W. & Gaskell, G. (Org). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 244-270.
Olá Alan, que interessante tua pesquisa, pensar as relações etnico-raciais é sobretudo pensar um ensino de história que dialogue com a pluralidade e realidade do nosso país, considerando todo o contexto histórico. Seu trabalho me lembrou um livro muito interessante sobre o ensino de história...e a importância e se refletir sobre os materiais e metodologias que viabilizem ou não esse ensino...essa perspectiva perpassa também à questão do livro didático, o livro que citei é :BITTENCOURT, C F. (Org.) O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto
ResponderExcluir1998.
Tenho uma dúvida: Por que você optou trabalhar apenas com o fundamental II?
Excelentes palavras, a autora Bittencourt apontam ótimas reflexões sobre o que é livro didático e sua função no ensino aprendizagem dos educandos. Referente ao recorte foi devido dois pontos. O primeiro, de acordo com as legislações educacionais para às questões raciais elas abordam a grande importância da temática no processo do desenvolvimento dos alunos no (Ensino Fundamental II). O segundo ponto foi decisivo, com o recorte 2008-2020, são poucas obras didáticas disponíveis nos acervos das escolas e nos setores de distribuição dos livros. Nesse sentido, optou-se pelas coleções do ensino fundamental II (História Sociedade & Cidadania) aprovadas no recorte selecionado devido também principalmente pelo o acesso das fontes.
ExcluirAlan...
ResponderExcluirImportante pesquisa essa que você vem desenvolvendo e mesmo que esteja no início (como vc mencionou) já sinaliza importantes encaminhamentos e questões. Sei que você irá ampliar e trazer problematizações para seu tema/objeto... Nesse sentido, uma questão importante a ser pensada é que os livros didáticos são produtos feitos por inúmeros sujeitos, diversos grupos e muitas forças, ou seja, esse conjunto heterogêneo e plural constrói um "campo" de relação que permite certas inserções e proíbe outras... Os editais do PNLD, por exemplo, são um desses lugares. Sobre esse ponto, os artigos de Flávia Caimi, vão te ajudar. Há outros elementos, como aqueles definidos nas legislação, mas também há outros como, autoria, editoras, revisores, coordenadores de equipe editorial... isso para mostrar como é complexo compreender "o que" e "como" se encontra presente ou não o seu objeto pesquisado nos livros analisados...
Alan...
ExcluirImportante pesquisa essa que você vem desenvolvendo e mesmo que esteja no início (como vc mencionou) já sinaliza importantes encaminhamentos e questões. Sei que você irá ampliar e trazer problematizações para seu tema/objeto... Nesse sentido, uma questão importante a ser pensada é que os livros didáticos são produtos feitos por inúmeros sujeitos, diversos grupos e muitas forças, ou seja, esse conjunto heterogêneo e plural constrói um "campo" de relação que permite certas inserções e proíbe outras... Os editais do PNLD, por exemplo, são um desses lugares. Sobre esse ponto, os artigos de Flávia Caimi, vão te ajudar. Há outros elementos, como aqueles definidos nas legislação, mas também há outros como, autoria, editoras, revisores, coordenadores de equipe editorial... isso para mostrar como é complexo compreender "o que" e "como" se encontra presente ou não o seu objeto pesquisado nos livros analisados... (Prof. Eri Cavalcanti)
Obrigado Professor, suas reflexões sempre são ótimas. O debate sobre o livro didático tem uma grande complexidade. Como você mencionou a uma enorme "disputa" ou forças em relação produção deste material (livro didático), como a autora Bittencourt também aponta que o livro didático é uma mercadoria que sofre por grandes interferências em seu processo de produção, pois, além de ser uma ferramenta didática, ele é uma mercadoria devido essas forças que você mencionou. A Flávia Caimi outra grande referência sobre o contexto do livro didático com base no processo do PNLD, fazendo que o livro também seja um produto com que perpassa por diversos sujeitos até a sua finalização. Estou no momento realizando leituras sobre essa perspectiva de compreender "o que" e "função" do livro didático com autores(as) além dessas mencionadas como Ana Maria Monteiro, Mauro Coelho, Alain Choppin, Sandra Regina, Tania Luca e Maria Stamatto e outros(as).
ExcluirOi Alan...
ExcluirDe fato é um objeto bastante disputado, inclusive entre a literatura especializada (o que tem um lado positivo nisso). E as referências que você vem acionando são de fato as melhores e você está muito bem orientado na pesquisa. Parabéns e sucesso. Teremos uma excelente dissertação ao final do trabalho. Ah, tem um artigo na Revista História Hoje (sobre o processo de produção dos livros - de minha autoria, que talvez te ajude). No mais, parabéns...
Obrigado professor, ver que nossas pesquisas estão no caminho é muito gratificante. Sim, seus trabalhos já estão todos na minha lista de leituras para entender o livro didático. Obrigado novamente.!
ExcluirAlan,
ResponderExcluirParabéns por seu trabalho, um tema muito interessante. Em relação as escolas de Marabá quais livros foram escolhidos? Como se deu o processo de escolha ou não desse material pelos professores? Pelo andamento de sua pesquisa já foi possível verificar o impacto dessa legislação nos livros elencados? (Profa. Anna Carolina Abreu)
Obrigado Profa. Anna Carolina.
ExcluirOs livros escolhidos foram selecionados a partir da aprovação das mesmas pelo PNLD (2008-2020), ou seja, pegamos uma coleção que foi aprovada nas avaliações dos editais nesse recorte 2008, 2011, 2014, 2017 e 2020 (antes o período da pesquisa era de 2002-2020, mas devido o acesso das fontes, foi melhor trocar devido a este fator). O qual foi selecionada a coleção "História Sociedade & Cidadania" do Alfredo Boulos Júnior por estarem presentes nesse período e disponíveis em acervos das escolas, os professores contribuíram para eu conseguir o acesso aos livros, pois, foram utilizados nos últimos anos. Referente o andamento da pesquisa, como mencionado, se encontra em fase inicial, não analisei as coleções didáticas no momento, pois, ainda estou categorizando os Guias e Editais de cada ano do processo de avaliação do PNLD de acordo com o período recortado.
Caro Alan, mesmo você afirmando que tua pesquisa se encontra em "fase inicial" é possível perceber o quanto já caminhou, pesquisou, leu e estudou. As fontes/documentos bem definidos, recorte entre outros. Parabéns! Tua pesquisa é relevante também, por que possibilita que pensemos o livro didático como uma ferramenta por onde permeia as disputas politicas e não apenas um simples e inocente material didático/recurso, que as vezes na correria cotidiana de sala de aula temos a tendência de achar. Tua pesquisa permite também a reflexão a cerca da necessidade de se ter um arquivo/espaço onde se possa arquivar/guardar copias das coleções de livros didáticos, muitas vezes descartado sem nenhuma preocupação/reflexão. Alan já pensou essas questões em tua pesquisa? No que se refere a falta de espaço nas escolas para guardar esses livros o que é possível pontuar nesse momento?
ResponderExcluirObrigado pelas considerações Raimunda.
ExcluirPensar os Livros didáticos como um arquivo é uma questão com uma grande complexidade e desafiadora, pois, em quase todas as instituições de ensino (em todo Brasil) não pensa na perspectiva que o livro didático seja um arquivo, pois, a cada ano letivo as escolas vão alterando as coleções. Nesse sentido, como Bitencourt aponta, o livro didático tornou-se além de uma ferramenta didática, uma mercadoria, ou seja, depois do uso ele acaba sendo descartado por muitas escolas. Com base no levantamento, percebi que as escolas não possuem estruturas para demandas dos livros didáticos em acervos para guarda-los, pois, os livros estão sendo totalmente deixados em uma sala sem nenhum cuidado. Penso que as escolas poderiam solicitar com SEMED, Prefeitura Municipal e as Instituições de ensino superior (inclusive a Unifesspa) para criar projetos de intervenção relacionados aos livros didáticos como Biblioteca, Museu ou ate mesmo um Memorial Municipal dos Livros Didáticos para valorizar a região referente a este material, pois, ele acaba fazendo parte também da cultura escolar.
Alan,
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho, é bom saber que vários sujeitos se inquietam com aquilo que também nos inquietam.
observei que você usará em sua pesquisa somente coleções da editora FTD, você relata que fez um levantamento dos livros nas escolas de Marabá. Queria saber como chegou a essa escolha da editora? Se fez esse levantamento em todas as escolas de Marabá? Vera Lima
Obrigado Vera pelas considerações
ResponderExcluirA seleção das coleções se deu pela aprovação pelo PNLD no recorte temporal selecionado. (Ocorreu o levantamento nos Guias e Editais para ver qual coleção foi aprovada nesse tempo 2008-2020), o qual a coleção "História, Sociedade & Cidadania" foi selecionada por ser aprovada em todos os editais. O levantamento na escola foi para verificar se estas coleções estavam disponíveis nos acervos e com professores que atuam na rede de ensino. O levantamento ocorreu também pelo site do FUNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) para verificar a distribuição das coleções nas escolas no período recortado. Portanto, não ocorreu em todas as escolas, mas em algumas pontuais devido o uso da coleção.
Boa tarde, Alan. Seu tema de pesquisa é fundamental para os debates sobre ensino.
ResponderExcluirGostaria de compreender melhor o que você aponta quando se refere a "reformulação da abordagem da história do Brasil".
Lizandra Júlia Silva Cruz
Boa Tarde Lizandra!!
ExcluirUma pergunta complexa demais que envolve diversos fatores, mas tentarei ser breve. Com as implementações das leis federais e de ações afirmativas voltadas para as questões étnico-raciais no âmbito educacional passou a se preocupar com a temática nos livros didáticos e nos currículos na Educação Básica e também nas instituições de ensino superior. Isso ocorreu, devido ao todo processo no período no colonial (escravidão), onde o negro o indígena por muito tempo nos conteúdos eram representados com estereótipos racistas e preconceituosos. Também, com o mito da "democracia racial" favoreceu por muito tempo com o negacionismo de que o Brasil era considerada uma sociedade sem desigualdades sociais e raciais o que dificultava reverter tal situação como, do racismo fortemente presente na sociedade.
Nesse contexto, com os movimentos sociais (principalmente o Movimento Negro) revindicaram em diversas camadas, políticas, sociais, culturais para exercer os seus direitos em meia sociedade em busca uma sociedade igualitária e justa, o qual dentro contexto se deu a implementação da lei 10.639/03 após anos de lutas que tornou obrigatoriedade o ensino da História da Cultura Afro-brasileira e Africana nas instituições de ensino. A partir disso, surgiu oportunidades de rever práticas de ensinos e conteúdos nos materiais didáticos que valorize a diversidade étnica presente na sociedade com a participação desses agentes no contexto histórico (negros e indígenas) na formação da sociedade contemporânea. Vale ressaltar, que houve outras leis e políticas estabelecidas a partir da 10.639/03 no âmbito educacional.
Alan Martins
Alan, parabéns pela pesquisa e pelos avanços feitos. Com certeza seu trabalho irá contribuir de forma significativa para se pensar e problematizar o livro didático. Em relação a coleção escolhida para sua pesquisa, "História, Sociedade & Cidadania", gostaria de saber se é de seu interesse compreender o porque essa coleção foi escolhida pelos (as) professores (as) nos cinco anos citados, ou seja, porque ela e não outra? Se essas perguntas serão feitas quais outras fontes você irá mobilizar para responde-las?
ResponderExcluirObservei também na tabela que no edital de 2008 a coleção aprovada estava na 4ª edição/2004. No edital seguinte, no ano de 2011, já aparece 1ª edição/2009. Há que se deve esse reinicio na contagem das edições? Houve uma nova escrita de toda a coleção? Abraços. (Luis Lima de Sousa)
Obrigado pelas considerações Luis.
ResponderExcluirTeve dois fatores determinantes para seleção da escolha da coleção "História, Sociedade & Cidadania", o primeiro foi que queríamos analisar uma coleção que foi aprovada em todos anos das avaliação do PNLD do recorte (2008-2020). Outro foi devido ao acesso das fontes (livros didáticos) nas escolas, pois, grande partes dos livros usados são descartados. Referentes as fontes serão usadas s Guias e Editais nos respectivos anos de seleção, assim como as políticas educacionais, Lei. 10.639/03, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDBEN, o Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Sobre a edições dos livros, com base no objetivo será analisada a coleção de acordo com que consta no Guia e que foram usadas pelas escolas. As coleções sempre houveram novas edições, toda via, as disponíveis devido ao acesso foram estas de acordo com a tabela. Abraços
Alan Martins
Olá, Alan! Parabéns pela pesquisa e pela escrita. O tema tem muito potencial e o texto demonstra o quanto já avançou. Está muito bom!
ResponderExcluirPensando aqui no Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, que está vinculado à questão da Educação das Relações Étnico-Raciais que você aborda sob a perspectiva dos Livros Didáticos de História, tenho uma curiosidade (pois não tenho domínio desse tema): ao longo de tua pesquisa encontrou algo no PNLD que apontasse para uma personalização em relação à aplicabilidade da Lei 10.639/03 em escolas peculiares como a Escola Indígena, Escola Quilombola e Escola do Campo?
Obrigado Ramon pela leitura do texto e das considerações.
ResponderExcluirA pergunta é pertinente. Quando falamos sobre à aplicabilidade da Lei 10.639/03 nas escolas necessita de um debate amplo e denso. Sobre o PNLD da pesquisa, os Editais selecionados eles não fazem esse recorte ou mencionam que os livros didáticos sejam direcionados às escolas Quilombola, Indígena ou do Campo, até por que eles estão delimitados para avaliação das obras didáticas para os anos finais. O PNLD apontam os critérios com base as normas das políticas educacionais com a referida Lei para o Ensino Fundamental II (6º ao 9º) (independentemente das escolas). Agora, em 2020 no site FUNDE tem uma resolução sobre as distribuições desses materiais (além dos livros didáticos, tem materiais didático audiovisuais) específicas para as escolas Indígenas, do Campo e Quilombola, algumas apenas do Fundamental (1ª a 4ª) e (6º ao 9º) e Médio. Entretanto, com o nosso recorte com base no objetivo não caberia realizar está análise. Outra coisa importante para apontar, é que o PNLD não direciona sobre aplicabilidade da Lei, mas sim as Políticas Educacionais, as DCNs, PCNs, a BNCC entre outras, mas o PNLD tem sempre a preocupação de sempre estar dentro das normas a partir dos princípios que essas Políticas Educacionais estabelecem em suas resoluções. Espero que tenha tirado a dúvida.
Desculpa, Alan! Não tive a intenção de sugerir que o PNLD tem a incumbência de direcionar, utilizei o termo "apontar" mais no sentido de "indicar a existência", de revelar. Mas a pergunta foi respondida sim! Obrigado! Um abraço!
ExcluirTudo bem Ramon. Obrigado!! Abraços!!
ExcluirParabenizo Alan pela pesquisa que vem sendo desenvolvida no PPGHIST. Venho acompanhando seu trabalho e percebo o quanto essa temática está sendo instigante para você. As reflexões dos colegas acima são pertinentes e te ajuda a pensar no livro didático e nas relações étnico-raciais.
ResponderExcluirObrigado prof. Geovanni.
ResponderExcluirSim, com as reflexões dos colegas sempre faz pensar sobre os processos para o restante do desenvolvimento da pesquisa.