O CINEMA COMO FONTE E OBJETO DA HISTÓRIA
Marcelino Anderson da Silva Assis, Mestrando ProfHistória pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Professor da educação básica, E-mail: marcelinoassis8@gmail.com
Andrey Minin Martim, Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Professor Adjunto na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e colaborador/orientador no Mestrado Profissional em História/ProfHistória, E-mail: andrey@unifesspa.edu.br
Este trabalho propõe desenvolver uma análise sobre abordagens teóricas e metodológicas sobre História e Cinema. Marcus Napolitano (2008) ressalta essa relação dividindo em três possibilidades básicas, cada uma com suas especificidades. A primeira, o Cinema na História, trata o Cinema como fonte primária para a pesquisa historiográfica. A segunda abordagem, a História no Cinema implica em como ele é realizador de “discurso histórico” e é “interprete do passado”. A terceira via corresponde a História do Cinema que contempla desde a linguagem cinematográfica a progressos técnicos, condições sociais de realização e recepção de filmes. Nesse artigo enfatizaremos a primeira e segunda abordagem, na medida que certos autores escolhidos para este estudo dialogam com ambas as possibilidades de estudo ao analisar os filmes histórico. “Nesse tipo de filme, o Cinema como fonte para o estudo de um determinado contexto e o cinema como representação do passado se confundem.”(NAPOLITANO. p. 241, 2008). Desse modo, o estudo enfatiza primeiramente autores que associam as obras cinematográficas a um registro da realidade (contexto histórico ou realidade social), em seguida analisa a inserção do Cinema na pesquisa histórica.
O Cinema como Registro Histórico
A relação entre Cinema e história é quase tão antiga quanto o próprio Cinema. Ainda no século XIX, três anos após a primeira exibição cinematográfica dos irmãos Lumière, foi escrito o primeiro trabalho de referência que considera o filme como documento histórico. Une nouvelle source del'histoire: création d'uo dépõt de cinematographie historique de 1898, artigo escrito pelo polonês Boleslas Matuszewski (1856-1943), membro integrante da equipe dos irmãos Lumière, exercia a função de câmera. Segundo Mônica Almeida Kornis (1992), Matuszewski parte da convicção que o registro cinematográfico é verídico e semelhante à realidade. Esse princípio tem base numa ideia bastante comum durante essa época: a autonomia da câmera. Segundo essa concepção ela capta a imagem tal como aconteceu. Assim o Cinema adquire valor de realidade.
Ao tratar dos filmes documentários, gênero bastante comum no período, ele afirma que o mesmo é capaz de fornecer uma verdade exata mais precisa que a fotografia, que está sujeita a manipulação. Sua principal pretensão era criar uma espécie de depósito de arquivos cinematográficos da história, estruturando-os segundo fatos e eventos de destaque da história pública e nacional, classificados como históricos. O intuito principal de Matuszewski era a preservação desse novo tipo de documento histórico. No geral, o pensamento do autor sobre a relação entre Cinema e história, quer pela noção de verdade quer pela pretensão de criar arquivos cinematográficos, se aproxima da “herança positivista: preocupação com a exatidão da reconstituição fílmica do passado ou com o registro mais fiel possível de eventos ocorridos (NAPOLITANO, p. 241, 2008).
Outro pensador que adota a abordagem do Cinema como registro da realidade histórica foi o sociólogo e crítico de cinema alemão Siegfried Kracauer (1889-1966), autor do livro De Caligari a Hitler: uma história psicológica do Cinema alemão em 1947, (publicado no Brasil em 1988). Seu trabalho pioneiro no campo da sociologia do Cinema inova ao considerar os filmes de ficção como reflexo da sociedade e do contexto histórico que o produziu. Em outras palavras, o filme espelha a mentalidade de uma sociedade e/ou nação, estabelecendo uma relação entre o produto (filme) e o meio que o produziu. Kracauer defende a tese ao analisar o Cinema alemão expressionista da década de 1920 (em especial os filmes O gabinete Dr. Caligari, de 1920, e Metropolis, de 1927). Considera que os filmes retratam as vontades, os medos, sentimentos e ambições (imaginário social) da sociedade alemã da época, que segundo ele era um indicador da ascensão do regime nazista.“Kracauer expõe uma perspectiva de análise do objeto cinematográfico que tem como base não somente os seus recursos técnicos e estéticos, mas a relevância do conteúdo destas obras associadas às condições históricas em que foram produzidas.” (DE ANDRADE, p. 03, 2019).
Cristiane Freitas Gutfreind (2009), em seu artigo, faz uma análise sobre as ideias de Kracauer, refazendo reflexões sobre filmes brasileiros com a temática do período da ditadura. Teoricamente, parte do princípio fundamental que a imagem cinematográfica e a fotografia têm a mesma propriedade básica de gravar a realidade física mais próxima, ou seja, o filme é uma espécie de registro da realidade histórica, não como ela é, mas sim uma visão construída, imaginada, produzida por indivíduos, que participam da sua elaboração. Os filmes a partir dessa abordagem dispõem de possibilidades de testemunho da sociedade contemporânea e tem a virtude de captar a realidade física de determinada sociedade ou nação. Ao teorizar sobre cinema, história e realidade no livro de Kracauer (1947) afirma que a obra foi a primeira análise sociocultural do cinema, que concebe o filme como um objeto de estudo do imaginário social e das representações.
Para o sociólogo alemão, nos filmes produzidos durante os períodos citados já era possível notar a partir da recorrência de temas e elementos específicos nos diferentes gêneros cinematográficos, indícios acerca dos valores socializados durante o período e principalmente pela nova classe média alemã, que figurava entre os principais consumidores da cultura de massa alemã que surgia no período analisado. (DE ANDRADE, p. 10, 2019)
Em síntese, as contribuições de Kracauer são uma proposta de elaborar uma análise social com ênfase na dimensão histórica de uma sociedade, centrada em elementos teóricos-metodológicos presentes em outros pensadores do Círculo de Frankfurt, como Walter Benjamim e Theodor Adorno. Apesar da concepção de filme como registro da realidade ser atualmente bastante contestada entre os historiadores, Kracauer em suas principais obras traz à tona uma análise histórica a partir dos filmes transformando-as em objeto da História. Paralelamente desenvolve uma metodologia que permite conhecer contextos históricos e dilemas sociais demonstrados nesses produtos culturais.
O Cinema e pesquisa historiográfica
Durante as décadas de 1960 e 1970 tiveram início, entre pesquisadores da historiografia francesa da chamada terceira geração da Escola dos Annales, debates como a história estava centrada notoriamente na diversificação dos documentos e na necessidade de incorporar novos objetos. Partindo da negação do caráter de testemunho de verdade associado aos documentos, cabe ao historiador pensar, analisar e desconstruir as condições de produção, distribuição e recepção dos documentos.
Nesse contexto, o Cinema foi incorporado aos “novos objetos” da história, ou seja, ganhou valor de documento histórico no âmbito da Nova História. O principal historiador responsável por estabelecer as potencialidades do Cinema como fonte histórica nesse meio foi o francês Marc Ferro. O primeiro artigo de Marc Ferro ao chegar ao Brasil, em 1976, foi O filme contra-análise da sociedade? (primeira versão original é de 1971) capítulo da obra História: Novos Objetos, organizada de Le Goff e Pierre Nora (1976). Desde então, o texto do historiador é leitura obrigatória para qualquer pessoa que se interessa pelo assunto. Nesse artigo, Ferro, segundo Rodrigo de Almeida Ferreira (2018), propõe uma construção metodológica capaz de examinar a relação cinema-história. Para ele o filme, independente do gênero pode ser analisado como documento histórico, oferecendo um testemunho indireto da sociedade não previsto pelo realizador. ‘”Assim, o filme seria um documento dado a uma “contra-análise” da sociedade, crítica da História oficial” (NAPOLITANO, 2008 p. 243). Ou seja, para Ferro cabe ao historiador “revelar” aspectos sócio-históricos não evidentes nas películas.
Em seu livro Cinema e História de 1976 (versão em língua portuguesa de 1992), há um enorme esforço de Ferro em delimitar o campo de atuação do historiador ao analisar obras cinematográficas. Para isso, ele desenvolve conceitos e métodos amplos com esse objetivo.
Empreender a análise de filmes, de fragmentos de filme, de planos, de temas, levando em conta, segundo a necessidade, o saber e o modo de abordagem das diferentes ciências humanas, não poderia bastar. e necessário aplicar esses métodos a cada substância. do filme (imagens, imagens sonoras, imagens não sonorizadas), às relações entre os componentes dessas substâncias; analisar no filme principalmente a narrativa, o cenário, o texto, as relações do filme com o que não é o filme: o autor, a produção, o público, a crítica, o regime. Pode-se assim esperar compreender não somente a obra como também a realidade que representa. (FERRO, p 32, 1992)
A partir das obras de Marc Ferro, o filme tornou-se de fato material de pesquisa do historiador, iniciando assim uma tradição na historiografia que vai além da História do Cinema. Entretanto existem críticas contundentes a proposta dele, como a apontada por Jorge Nóvoa (2009). Segundo o crítico, o historiador francês escreve uma análise historiográfica sobre obras cinematográficas não apresentando distinção da análise documental padrão (textual), como também, em seus textos, as questões metodológicas aparecem de forma diluída e não organizada. Por fim, outra limitação na metodologia desenvolvida por Marc Ferro, como observa Mônica Kornis (1992), está na rejeição da estética, semiótica e da história do cinema como campos do conhecimento segundo ele, “que não pertencente ao domínio do ofício do historiador”.(FERRO, p. 12, 1992).
Nas décadas seguintes, historiadores bem como outros estudiosos das ciências sociais aprofundaram e revisaram as pesquisas de Ferro. Sem dúvida, outra figura de destaque durante as décadas de 1970 e 1980 é francês Pierre Sorlin (1933), que produziu uma série de artigos abordando o Cinema como documento e representação na História. Sorlin, assim como Ferro, discorda dos princípios da sociologia do Cinema de Kracauer. Ambos recusam a ideia de que o filme seja um reflexo de uma mentalidade de determinado contexto histórico. Ao mesmo tempo, Sorlin se afasta da análise contextual proposta por Ferro em busca de uma análise fílmica a partir de sua significação interna com base na semiótica. Antes ignorada pelo historiador, a semiótica ganha destaque a partir das obras de Sorlin e influenciam novos estudos. Embora “o próprio autor tenha revisto e minimizado, décadas depois, os limites da semiótica na relação entre Cinema e história.” (FERREIRA, 2008 p. 51)
Coube a uma leitora, crítica e colaboradora de Pierre Sorlin, durante a década de 1990, desenvolver uma nova dimensão que ultrapassa o filme como documento para a pesquisa histórica. Os trabalhos da historiadora Michèle Lagny promovem reflexões alinhadas a História cultural apropriando-se da noção de representações culturais de Roger Chartier. Lagny procura compreender os filmes a partir de uma análise interna, como também por suas representações para com a sociedade nele representada. Outra grande contribuição presente na obra dela é estabelecer de fato um diálogo com a estética e como a história do Cinema em sua análise sobre filmes.
Nas últimas décadas um surgiu um novo e importante abordagem do campo teórico e metodológico na relação Cinema-história deriva das concepções desenvolvidas pelo historiador canadense Robert A. Rosenstone (1936) autor do livro A história nos filmes, os filmes na história (2010). Nessa obra propõe, assim como Lagny, superar a dimensão do filme como apenas documento histórico. A inovação do texto é a concepção do filme como uma forma de escrita histórica, ou seja, o autor afirma a existência de uma escrita fílmica da história. A partir dessa concepção, o Cinema constitui uma nova forma de narrativa histórica e também de representar o passado. “Ciente de que o sentido histórico da sociedade não é produzido exclusivamente pelas páginas escritas, o autor reconhece que o significado histórico de um filme é distinto do saber historiográfico.” (FERREIRA, p 51, 2018). Rosenstone (2010) adverte que a história acadêmica não é a única especializada pelo estudo do passado. Essa concepção de pensamento redimensiona a relação História e Cinema ampliando a noção de historiador como o indivíduo que constrói discursos a partir de vestígios do passado, empregando enredos com ligação lógica para as pessoas do presente.
A fim de conclusão, a trajetória dos trabalhos históricos a partir de filmes, desde o início incorporam noções teóricas das tendências historiográficas de sua época de produção. A análise de filmes no campo historiográfico, a incorporação de conceitos, problemáticas, metodologias e significados foram dialogando com as diversas tradições historiográficas do século XX e início do século XIX. Apesar de muitas das abordagens na relação Cinema-história serem vistas como ultrapassadas ou dotadas de ambiguidades e contradições, as ideias de pensadores como Matuszewski, Kracauer, Ferro, Sorlin, Lagny e por último, Rosenstone tem o seu valor seja quando relacionada com sua época ou quando incorporada por elementos teóricos e metodológicos ao debate historiográfico sobre Cinema e História.
Referências Bibliográficas
DE ANDRADE, Ícaro Yure Freire. Siegfried Kracauer: cinema e método. Inter-legere .Vol 2, n. 25, 2019.
FERREIRA, Rodrigo de Almeida. Luz, Câmera, e história! : práticas de ensino com cinema. 1ª ed. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018 – (Coleção Práticas Docentes).
FERRO, Marc. Cinema e história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
GUTFREIND, Cristiane Freitas. Kracauer e os fantasmas da história: reflexões sobre o cinema brasileiro. Comunicação, mídia e consumo. Sã o Paulo vol. 6 n°. 15.
KORNIS, Mônica Almeida. História e Cinema: um debate metodológico. Estudos Históricos, Rio de Janeiro. vol. 5, n. 10, 1992.
NAPOLITANO, Marcos. Fontes Audiovisuais: A história depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.
NÓVOA, Jorge; FRESSATO, Soleni Biscouto; FEIGELSON, Kristian (orgs.). Cinematógrafo: um olhar sobre a história. Salvador: EDUFBA; São Paulo: Editora UNESP, 2009.
ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, os filmes na história. Tradução de Marcello Lino. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
O apoio precário do governo federal à cultura pode esconder um viés de desprotecao à memória nacional de forma a manter um determinado sistema de dominação?
ResponderExcluirSara Brigida Farias Ferreira
Obrigado, Sara Brigida Farias Ferreira pela pergunta. Sinto muito por concordar nesse ponto. O governo federal pouco tem feito pela preservação da memória nacional. Basta citarmos o caso da Cinemateca brasileira que sofreu quarto incêndios ao longo da sua história, o último em 2016. Neste último, foram perdidas milhares de películas, a maioria cinejornais. Há outro problema grave com respeito os projetos de restauração que sofreram vários cortes de orçamento inviabilizando novos projetos e interrompendo outros.
ExcluirMarcelino,
ResponderExcluirDe fato as relações entre cinema e história são múltiplas. Da mesma forma que há muitos trabalhos que realizaram essas reflexões tematizando diferentes questões. Fiquei a pensar se sua pesquisa irá problematizar um filme específico e também como será a relação com o ensino de história, sobretudo porque a área de concentração na qual sua pesquisa se insere é em Ensino de História. Assim, gostaria de saber como estas questões estão sendo (se estiverem) pensadas.
Boa noite, Profº Erinaldo Cavalcanti obrigado pelas questões. A pesquisa em andamento está relacionada ao ensino e trata de analisar a viabilidade da aplicação da Lei nº 13006/2014 que institui a obrigatoriedade da exibição de filmes nacionais como componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica das escolas de educação básica por, no mínimo 2 (duas) horas mensais. Consiste na verificação sobre a execução da Lei 13006/14 nas escolas buscando responder questionamentos relativos a lei, como o que propõe? Como pode ser executada? Como ela poderá ser inserida no currículo? Em qual horário?. Em síntese avaliar como as escolas estão em condições de executar a referida lei.
ExcluirMarcelino,
ResponderExcluirComo você tem pensado nas possibilidades da relação entre cinema e História na perspectiva do ensino? Você apresentará uma estratégia de uso na sala de aula? Para que classe? Seria sobre o tema cinema e história ou você elencou alguma temática ou filme específico para seu trabalho (Profa. Anna Carolina Abreu)
Boa noite, Profº Anna Carolina Abreu obrigado pelas perguntas. A pesquisa faz a relação com ensino de história abordando a aplicabilidade da Lei nº 13 006/2014 que versa sobre a obrigatoriedade da exibição de filmes nacionais como componente curricular como componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica das escolas de educação básica por, no mínimo 2 (duas) horas mensais. Portanto, a pesquisa consiste em avaliar a possibilidade e as condições para a execução dessa lei, e também elaborar a proposta didática que a contemple. Por enquanto, pretendo executar uma proposta de intervenção para alunos de Ensino Médio com obras cinematográficas relacionadas a História Regional.
ExcluirMarcelino,
ResponderExcluirNo geral é possível perceber que as aulas com exibição de filmes, possuem resultados diversos, bons e ruins. Percebo também, que existem muitas interpretações equivocadas sobre o período estudado trabalhado na produção cinematográfica, por parte dos discentes, que as vezes, por imaturidade confundem ficção com realidade. Diante disso, qual (is) caminho(s) você indica para um aprendizagem efetiva em História, por meio do cinema?
Boa noite, Valeria, grato por suas colocações. Realmente, trabalhar com filmes nem sempre traz resultados bons ou esperados. Como você bem observou não se deve confundir ficção com realidade. O filme é um produto cultural, uma narrativa de representação do passado, e não uma reprodução fiel de uma realidade passada. Não se deve buscar uma verdade nos filmes, em vez disso podemos destacar tanto o que é verossímil, como também os anacronismos, o contraditório, as “invenções” e as percepções errôneas do passado representado. É bom destacar que para a análise fílmica para a sala de aula faz-se necessário oc professor ter no mínimo esse repertório de informações sobre obra: a contextualização do tema (assunto); contextualização da produção (cenário politico econômico e cultural); contextualização financeira (circuito comercial e financeiro); repercussão (prêmios, público bilheteria) e a domínio narrativa fílmica. O planejamento e um bom conhecimento prévio sobre o filme é o caminho. Muitas vezes, o filme serve para preencher o tempo ocioso dos alunos, se for encarrado desse modo será um ato falho de aprendizagem. Em vez de fomentar a crítica e a reflexão vai se tornar uma atividade passível de interpretações distorcidas.
ExcluirMarcelino,
ResponderExcluirParabéns pela temática, nós professores da educação básica sabemos que usar o filme como recurso metodológico é uma ótima opção pois, os alunos se sentem bastante atraídos, eles e elas gostam. Mas, também sabemos da necessidade de termos um conhecimento bem profundo sobre o filme usado, o que justifica mais ainda a relevância de trabalhos como o seu. Fiquei meio na dúvida sobre seu recorte temporal e se você vai realizar seu estudo tendo como referência os autores Matuszewski, Kracauer, Ferro, Sorlin, Lagny e por último, Rosenstone, gostaria que você comentasse um pouco mais sobre essas questões. Vera Lima
Olá Vera Lima. A ideia nessa parte da pesquisa é abordar as relações entre cinema e história com destaque nesses autores, que forneceram métodos e concepções para essa problemática. Essas leituras me ajudaram a compreender o pensamento desses autores e perceber o diálogo com as tradições historiográficas de sua época. Desde a concepção de Matuszewski sobre os cinejornais que se aproximam de preceitos da escola Metódica em relação a preservação em arquivos. A análise de Kracauer tipicamente Frankfurtiana. Assim como Marc Ferro no contexto da 3ª geração dos Annales, introduzindo o conjunto de métodos de análise histórica de obras cinematográficas, enquanto documento histórico. Sorlin e Lagny tem seu valor de destaque na medida que suas ideias de análise compactuam com o campo das Representações de Roger Chatier e apontam pra a superação de filme como documento. Por fim, Rosenstone problematiza com os filmes como narrativa histórica, capaz de fixar memórias sobre um passado, assim como os livros, por exemplo. Então, Rosenstone dialoga com as concepções sobre a narrativa e a verdade típicas de pensadores da pós-modernidade. Sendo assim, o filme de histórico seria uma versão das várias versões sobre o passado.
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ResponderExcluirMarcelino,
ResponderExcluirParabéns pela discussão e temática escolhida, gostaria de saber se suas inquietações partem de filmes que você trabalha em sala de aula, se sim quais e em que contexto?
Boa noite Ronny obrigado pelo elogio. A inquietação maior é com a memória do cinema brasileiro, por isso estou partindo para análise da lei nº 13006/2014. Temos no cinema brasileiro obras fantásticas de diversas épocas e gêneros que respondem muito mais sobre nossa realidade e experiências enquanto povo. Eu mesmo só tive conhecimento da existência de filmes brasileiros do quilate do Pagador de Promessas, Terra em Transe, e Iracema uma transamazônica quando entrei na graduação. Esses filmes são patrimônios não podem ser esquecidos e muito tem um enorme potencial didático.
ExcluirBom dia,
ResponderExcluirA temática do trabalho muito me interessa, gostei da sua abordagem.
O trabalho com o Cinema na história tem certo fascínio, por causa de tantos interesses envolvidos desde a produção até a venda para o público. Desse modo, pretendes trabalhar sobre as relações de poder na produção cinematográfica? Se possível comente um pouco sobre esse ponto, por ser um fator importante para o ensino também.
Aline Barros
Oi Aline, muito massa sua pergunta. Relações de poder na produção cinematográfica na análise externa do filme(documentos e informações que não estão na obra) é bom dominar aspectos sobre a produção e circulação (quem produziu ou financiou, qual país, regime e conjuntura política de origem, qual o circuito comercial e de exibição), ficar atento as questões ideológicas. Todo filme tem uma ideologia, sendo uns mais explicita que outros.
ExcluirNo que tange a analise interna (a partir da própria obra) vai depender do filme, seu tema, como é conduzida narrativa e quais seus objetivos da aula.